1.
Quando esta manhã saí para a rua, perguntei-me o que estaria a fazer naquele instante Barack Obama. Estaria a ver a mesma neve que caía num movimento oblíquo? Os carros com camadas intactas onde se podia escrever com o dedo Hope ou Change ou Yes, We Can. Os jornais amontoados à porta de lojas de esquina, protegidos por um plástico grosso e baço. As publicações que o trazem na capa, com aquele sorriso que passa a ser um sorriso à Obama – ou seja, um sorriso de quem acredita que é possível e tem a decência written all over him.
Era cedo, menos cinco horas que em Portugal. Eram cinco da manhã, em NY, quando pela primeira vez vi a neve a cair. O mais certo é que Obama estivesse a dormir o sono dos justos. Eu estava jet-legada, mas ficar em casa era a última coisa que me ocorreria. Assim que ficou claro, fui ver o bairro a acordar.
Quando cheguei, sábado à tarde, ele estava já a caminho de Washington DC. Tinha iniciado um prelúdio de três dias para a tomada de posse – a que chamam inauguration. O que é que é inaugurado? Um mundo novo, novo em folha, querem acreditar milhões de pessoas que depositam nele uma expectativa ilimitada. Um mundo novo para a Sasha e a Malia. Um mundo novo para a Margarida e o Francisco, os filhos da Jwana e do Domingos, que vieram celebrar de perto esse dia em que um afro-americano é investido presidente dos Estados Unidos.
Margarida, de quase três anos, já sabe quem é Obama!, O-ba-ma.
Eu estava num avião quando ele largou de Filadélfia, às 11 e meia da manhã, num comboio vintage. Um comboio que foi construído, provavelmente, por negros como ele. Foi, isso é certo, um comboio construído numa altura em que a ascensão de um negro à Casa Branca era impossível.
Perdi o arranque da viagem. Mas no aeroporto, enquanto fazia fila para mostrar o passaporte, as televisões estavam sintonizadas na CNN e mostravam as centenas de pessoas que tinham feito fila junto às linhas de caminho de ferro. Aqueles que suportavam estoicamente um frio de rachar para ver passar o comboio. Estavam menos oito, menos dez graus em NY, devia estar o mesmo nesse caminho por onde passa a esperança. Essa era a única razão pela qual se estava horas junto ao caminho de ferro: para acenar a um ícone, para depositar nele toda a esperança num mundo melhor.
Foi só no dia seguinte, hoje, domingo, agora, que li nos jornais o que ele e o seu vice-presidente disseram durante a viagem. Biden disse: “Às vezes, é difícil acreditar que vamos voltar a ver a Primavera. Mas vou dizer-lhes: a Primavera está a caminho com esta nova Administração”. Obama citou Lincoln, sem citar, quando falou de um apelo aos nossos “melhores anjos” (uma expressão do 16º presidente americano). Para nos ajudarem a lutar contra o preconceito, a enfrentar os dias de dificuldade que temos pela frente.
A odisseia de Obama é a nossa odisseia. É a minha. Ele usou o plural: we can. A vitória dele devolveu-nos a certeza de podermos acreditar.
Domingos e Jwana nasceram quando, em Portugal, se acreditou num mundo novo. Domingos nasceu uns dias antes de 25 de Abril de 74 – a mãe, que embarcou também nesta aventura, dizia que o filho era o arauto da revolução. Perguntar-lhe desde quando tem uma consciência política, é o mesmo que perguntar-lhe desde quando tem consciência de si. Distribuía panfletos com três anos em plena reforma agrária, e transitava da Voz do Operário para a Soeiro Pereira Gomes todos os dias, com a facilidade de quem vai para casa depois da escola. Jwana nasceu poucos meses depois, no Canadá, filha de uma canadiana e de um português. Mais do que consciência política, talvez tenha tido, desde que se lembra de si, a impressão de ser estrangeira, e de o mundo inteiro ser o seu mundo. As canções infantis, que agora reproduz ao ouvido da filha de três anos, eram canções em inglês; a manteiga de amendoim, com que barra a torrada do pequeno-almoço, é uma memória longínqua e quente do tempo em que era pequena. “Isto” é também a sua casa.
Amanhã, se tudo correr como previsto, estaremos com um bebé de colo, que é preciso amamentar de xis em xis horas, a caminho de DC. Estaremos numa motor house, mais conhecida por caravana. Seremos uns tugas sem farnel que vão para Washington de roulotte dizer que este futuro também nos pertence. Seremos mais uns entre os dois ou três milhões que são esperados, e que esgotaram todos os hotéis num raio de 150km. Também poderemos estar numa excursão organizada por chineses, a 30 dólares por cabeça, para sermos testemunhas oculares (o que quer que queira dizer oculares quando se está numa praça gigante com uma parada lá muito ao fundo) desse dia em que a Mudança começou (dirá a Jwana), em que a Esperança tem cabimento (dirá o Domingos).
Quando saímos do aeroporto, um retrato de George W. Bush estava dependurado na última parede, antes da saída. Uma fotografia de dimensões reduzidas, pouco maior que A4, com uma moldura dourada. Mr. Ex-Presidente aparece sorridente, com um ar um pouco silly – o que se pode dizer de um presidente que sofreu o vexame supremo de levar com um sapato na tola. (E isto é um diário, não é uma notícia, e sim, estou a ser facciosa). Gosto de pensar que quando regressar, daqui a uns dias, a última imagem que vejo, e que levo da América, será a de Barack Obama.
2.
Um dia, minha filha, vais agradecer-me que te tenha acordado de madrugada, que te tenha exposto a temperaturas negativas, que te tenha apertado entre os dois milhões de pessoas que, como nós, estiveram na tomada de posse de Barack Obama, no dia 20 de Janeiro de 2009. Vais poder dizer: “Eu estive lá”. Mesmo que disso não tenhas consciência, vais poder dizer: “Eu estive lá”; e os nossos relatos vão ser tão vívidos e emocionantes que parecerão os teus, parecerão uma memória longínqua.
O meu amigo Domingos respondeu assim quando a mãe lhe perguntou porque levava a criança nesta viagem a Washington. E este podia ser o arranque de uma carta que ele e a mulher, Jwana, escreveriam à filha para lhe explicar porque estão aqui. (Aqui: dizer que é na Terra do Tio Sam seria uma saloiice pegada; se é preciso recorrer a um cliché, que se diga na Terra do Fellow Obama).
O assunto da carta que Obama escreveu às filhas foi abordado ao almoço. Uma carta comovente, em que lhes pede perdão pela ausência, e em que recorda o momento em que ele era da idade delas e a mãe lhe leu a Declaração dos Direitos do Homem. Obama, o pai, o político, está a lutar para que a Declaração seja efectiva (e isto já inclui que um homem como ele, ou seja, um negro, seja o presidente dos Estados Unidos da América. Apesar de ele ter dito repetidamente: “Esqueçam a América negra, a América branca, a América hispânica; só existem os Estados Unidos da América”. Apesar de a questão da raça não ter sido central durante a corrida eleitoral).
Enquanto Barack Obama se empenhava, se empenha, na efectivação da Carta, Michelle, a mulher, perguntava, pergunta: como é que isso afecta a vida das nossas filhas? E quem é que as vai buscar ao colégio e dar-lhes banho, e acompanhá-las na descoberta, dia após dia.
A questão podia ser levantada por todas as mulheres que conheço (cujos maridos tenham ou não ambições políticas…). As mulheres, como eu, que gostariam de ler Tocquille sobre o que é a democracia americana para se prepararem para esta viagem, e que acabam preocupadas com a gestão doméstica. Com coisas tão comezinhas quanto terem-me palmado a carteira no Starbucks, ter um telemóvel abaixo de cão que não funciona, sobre ter ficado sem chave porque com os meus dólares, na mesma carteira roubada, estava a chave de casa (o que não me ocorreu senão quando fiquei à porta de casa, às onze da noite, com uma chuva de neve a bater-me na cara. Tocque quê?
Talvez o dia de ontem, com todos estes acidentes domésticos, tenha sido uma excursão à nossa senhora da asneira. Mas Michelle tem razão: quem é que vai chamar os bombeiros? Quem é que vai carregar com os carrinhos escada acima, escada abaixo, porque o metro de NY, simplesmente, não tem elevador, e, para compensar, tem degraus com fartura? O carisma de Michelle tem que ver com isso? Ser uma como nós? Para quem o bem estar da família vem primeiro. Que é uma forma que dizer que o futuro é agora, começa a ser feito agora.
Discutíamos à mesa a carta de Obama. Discutíamos sobre a sua publicação. Discutíamos sobre a ida a Washington. Uma dúvida instalou-se de modo quase intransponível: onde é que vamos estacionar a caravana, amanhã de manhã? E quantas horas mais vamos demorar (um atrelado pesa…) além das três horas que, em condições normais, separam NY de DC? Para não falar na neve e na multidão. Para não falar dos ritmos das crianças e das paragens obrigatórias. O futuro é laborioso, como sabemos. Mas disso, gostamos! (Aparece um sorriso no texto.) Disso e do resto.
Tarde de domingo. Fazemos coisas “americanas”. Visitar a Frick Collection, comprar camisolas na Donna Karan, beber capuccinos num cup de cartão, ouvir a Anita Baker e o Stevie Wonder. Fico um pouco desapontada por não sentir nas ruas a euforia que julgava encontrar. NY parece-se com NY, e não com uma cidade em vésperas da tomada de posse do seu 44º presidente. Não se vislumbram festas espontâneas, cartazes nas paredes, bandeiras em espaços públicos – só as habituais, nas flagship stores das grandes marcas. Não se vê o que se vê pelas televisões, nos parques e praças de Washington, as multidões que chegam para guardar lugar, enroladas em cachecóis e mantas, aquelas que fazem com que excitment seja a palavra mais pronunciada nos media. Mas amanhã faremos parte desse grupo!
Tanto quanto é possível prever, que por aqui os planos mudam bastante, partiremos cedo. Sete no máximo. Talvez numa excursão com americanos, se encontrarmos a excursão certa. Em Portugal será meio dia. Partir cedo deixa-nos com tempo para procurar um canto a partir do qual possamos ver a festa. Já que não vemos Obama, vemos a festa. Fazemos a festa. Afinal, foi para isso que viemos. Estamos aqui looking for Obama.
3.
Escrevo este texto num banco de madeira, e convém que seja rápida, antes que os dedos fiquem enregelados. O Capitólio está à minha esquerda, imponente, bolo de noiva. De um tom marmóreo que parece falso, por ser tão puro. Pessoas vão e vêm, pessoas posicionam-se, pessoas trazem bandeiras. Pessoas que fazem parte do We, The People, a que Obama se referiu no seu discurso de tomada de posse.
No cimo dos edifícios há atiradores, pontiagudos. Como num filme. Como nas fotografias dos grandes momentos. Helicópteros sobrevoam a área. A área é toda a cidade. É sobretudo a área adjacente à Casa Branca, para onde hoje convergem milhões de pessoas. Os dois ou três que cá estão, mais os milhões que seguem o que aqui se passa pela televisão. O céu está azul e resvala para o cinza. Só o confirmo agora, mas há segundos era capaz de jurar que era claro, de um azul brilhante. Estou, estamos, perante uma epifania.
Daqui a pouco, bem ao meu lado, será a parada. Obama e acenos. Uma celebração.
Jwana e Domingos estão com as crianças, Francisco, Margarida. Quinhentos metros lá atrás, quando nos mandam abrir os casacos, abrem a mala e passam revista, disseram-nos que os carrinhos de bebé não eram permitidos. Francisco tem seis meses, Margarida vai fazer três na Páscoa. Os que seguem este diário desde segunda feira sabem que estamos aqui para assistir à tomada de posse de Obama, e que para os meus amigos hoje inaugura-se um mundo novo que querem construir para os seus filhos. E querem que um dia possam dizer o que ainda há pouco vi numa tshirt: I was there.
Mas agora foi preciso voltar ao carro, afinal viemos num carro ou jipe a atirar para a caravana (que era a nossa ideia inicial), uma coisa que funcionou como a nossa motor house. Desde esta manhã, mudou-se a fralda da criança mais nova, deu-se de comer às duas, atirou-se roupa e sacos com pão biológico para um canto, o computador estava no chão, como se estivesse no chão da sala. Mas agora foi preciso voltar ao carro, carrinhos não são permitidos, e depois fazer uma distância considerável com dois meninos ao colo. Vai valer a pena. Já vale a pena.
Estou sentada num banco de madeira, com os dedos enregelados, e daqui a minutos a festa prossegue.
Quando a festa estava no auge, quando Obama disse, com aquela voz e com aquela entoação, We, The People, nós acreditámos. “Isto era tudo o que eu queria ouvir num discurso de um presidente. Ele disse o que queremos ouvir”. Domingos. “As palavras, a atitude são completamente diferentes”. Jwana. Chegámos a Washington no momento em que o discurso estava a terminar. O mundo inteiro estava a ver, e nós ouvimos no rádio, numa estrada desimpedida, quando já não faziam sentido os avisos electrónicos que alertavam para os grandes atrasos nas estradas que iam dar a DC. Ouvimo-lo, e não pude ver na cara de Obama a sua emoção. Mas ouvi-a, ou quis ouvi-la, na voz.
Saímos de NY bem cedo, mas não o suficiente. Pela estrada fora. Domingos lançou um grito de guerra ao bater com a porta: “Então vá, yes we can”. E no GPS do carro quisemos introduzir simplesmente o seguinte quando nos pediram a morada: White House.
Eu anotei a seqüência de árvores, os galhos finos, como numa pintura japonesa. Os nomes que conheço de um quadro que ontem vi do Jasper Johns: North Carolina, Maryland, Columbia. As mensagens dos amigos em Portugal. Os que, por nosso meio, também estavam aqui, com os seus filhos e o seu futuro. Os que telefonavam para tratar de negócios, e se despediam com abraços pró Obama. Lembranças deste e daquele. Passámos por uma estação de serviço chamada Walt Whitman. Juro que a Jwana e o Domingos comeram do Burger King (e isso inclui batatas fritas e coca cola) às dez e meia da manhã. Na América sê americano. “Mr. Obama goes to Washington”, Mr. Obama já está em Washington. E nós estamos quase lá. De que falamos quando falamos de Obama? Nunca os autores americanos me fizeram tanto sentido.
Aretha Franklin canta perante a multidão. Que bom pensar que, de certo modo, nos livrámos da country music... Onde estamos nós? Margarida sabe: Já chegámos ao Obama!
4.
“Observo Obama. Observo os seus gestos de vadio magnífico cruzado de King of America. Torno a pensar no artigo em que li: Barack, em swahili, quer dizer bendito. E sinto que alguma coisa, o que quer que ele diga, se joga nessa distância assumida em relação a todas as comunidades. O primeiro negro que compreendeu que já não é necessário apostar na culpabilidade mas na sedução? O primeiro a querer ser, não a censura da América, mas a sua promessa?”. Muito do que se viu ontem em Washington estava enunciado no texto que Bernard-Henri Lévy dedicou a Barack Obama. Um vadio magnífico cruzado de King of América?
Let’s see. Ontem, no imenso campo em frente ao Capitólio, um milhão de pessoas assistiu ao discurso de um homem que, de momento, personifica a esperança e a mudança. Ouviu silenciosa, atenta, como se ouvisse as palavras de um messias.
Não foi exactamente esta a palavra que foi usada por um politólogo que ouvi no rádio quando regressava de DC, mas, como este dizia, no futuro, Obama poderá lamentar tudo, menos ter sido subestimado. Obama, o sedutor, goza de uma indulgência de que nenhum outro presidente gozou. Aquelas pessoas, nós, queremos acreditar que isto pode ser melhor. Há qualquer coisa de messiânico em Obama. No modo como olhamos para ele, quero dizer.
Deve ter sido também por isso que a Jwana e o Domingos receberam mensagens dos amigos em Portugal – eu devo ter algumas, mas como o dito objecto não funciona, só em Lisboa posso conferir isso. As mensagens incluíam citações de Martin Luther King, de um jogador de basquetebol que dizia qualquer coisa como: “Com Obama podemos correr, com Luther King pudemos andar”; e mensagens que poderiam ser enviadas a alguém que vai correr uma maratona (que nós gostaríamos de correr mas não o podemos fazer).
Gostaria de ter estado no grupo que assistiu ao discurso de Obama. Ou seja: gostaria de estar nesse grupo que o vê de perto, que sente a vibração, a energia. Que pode ligar o discurso aos movimentos labiais. Que o vê inteiramente.
Mas a proximidade talvez seja quase tudo. E fez para mim uma enorme diferença ouvi-lo no rádio a dois passos do Capitólio, do que vê-lo em casa, pela televisão. A principal diferença é do domínio do simbólico. Mas não é só isso. É que o sítio onde eu estava, a circunstância em que o ouvi, derivou de uma escolha. Eu pude escolher ir à América, fazer esta peregrinação, juntar-me a dois amigos que trouxeram os filhos pequenos para celebrar the inauguration.
Ao fim do dia, de regresso a NY, digeríamos no carro a força do discurso, as ideias que individualmente mais nos haviam tocado. E todos concordámos quando Mr. President falou de responsabilidade, de este ser um compromisso que nos envolve colectivamente e individualmente. E quando falou da confiança da América em si própria, treslemos de propósito, e discutimos a confiança do indivíduo em si próprio.
Ouvimos com comoção Aretha Franklin, o quarteto com músicos de excelência que veio do mundo todo. Ouvimos a voz delicada de Elizabeth Alexander a recitar poesia, aplaudimos o verso que diz que os alunos pegam nos seus lápis e canetas (estou a dizer de modo impreciso, mas a ideia é essa); e ligámos isso à passagem do discurso de Obama em que este nos incita a fazer, a fazer empenhadamente, para construir, peça a peça, a nação americana, ou a nossa vida de todos os dias.
Assistimos à inauguração de um novo mundo. Não comprámos tshirts ou ímanes para o frigorífico onde se lia: I was there. Não foi preciso, ou não foi possível.
A cidade estava remexida e desordenada. A organização das ruas tinha sido subvertida, filas compactas de pessoas circulavam por todo o lado, camiões de experts em bombas do FBI estavam estacionados do outro lado da rua – como se fosse uma coisa banal ver camiões onde se liam palavras como bombs e FBI… O trânsito estava cortado num raio de, talvez, três quilómetros, em linha recta. Negros, negros, negros, e brancos, brancos, brancos exibiam bandeirinhas e bonés Obama. Talvez mais negros que brancos. Famílias inteiras, para que também os seus filhos pudessem presenciar esta mudança de página.
A Margarida e o Francisco, os filhos dos meus amigos, presenciaram. O Francisco não pode sabê-lo (tem seis meses), mas a Margarida aderiu à euforia colectiva. Passou a declinar a palavra Barack da seguinte maneira: BarackMãe, Barackabela (sou eu), BarackPai. E Barack Obama, claro, dito em repeat, como se fosse uma canção. Será que o esquecerá? Bom, há sempre estes relatos para que possa, mais tarde, lembrar estes dias em NY e em Washington, com os olhos postos em Obama. Mas gostaríamos de acreditar, os pais e eu, que a emoção deste dia ficará.
PS: como estacionámos o carro no dia em que o novo presidente tomou posse? No centro da cidade, vimos um parque a céu aberto, delimitado por um arame farpado. Havia três ou quatro carros estacionados e uns 50 lugares livres. Uma tabuleta indicava o preço: 20 dólares. Entrámos. Mas é claro que era fácil de mais, bom de mais… O segurança veio ter connosco. Aquele era um parque, sim, mas não estava aberto, não. Era um parque reservado para o FBI. Ah, nós queríamos parar o carro só umas duas horas? Ok, mas isso ia custar… 30 dólares!
E foi assim, com 30 dólares debaixo da mesa, que estacionámos o carro no centro de Washington. Inbelievible! Mas podem acreditar que é verdade.
PS2: É claro que me constipei. Eu bem disse que estava com os dedos enregelados… Who cares? Eu não.
Publicado originalmente no Jornal de Negócios em Janeiro de 2009