Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Anabela Mota Ribeiro

Ana Laura Santos - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

Ana Laura Santos não desenha um espremedor de citrinos que parece uma escultura (e que não funciona), ou objectos icónicos como a cadeira confortabilíssima do casal Eames. Interessa-lhe o design social, e por isso, no mestrado, desenhou um equipamento de luz para operações na zona pélvica. O mestrado e o doutoramento foram na Holanda. Depois seguiu para o Quénia, onde trabalhou com os Médicos Sem Fronteiras. A filha mais velha nasceu na Holanda, a mais nova no Quénia, o marido é alemão e holandês. Depois de quinze anos fora, regressou, regressaram, há poucas semanas. A Portugal, à Europa, a casa. Nasceu em 1983.

ana laura.jpeg

Fotografia de Estelle Valente. 

Marta Loja Neves - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

Quando tinha 16 anos, Marta falou perante a Comissão de Direitos Humanos da ONU, na Suíça. Foi em 99, fê-lo a representar Timor-Leste, a convite do Prémio Nobel da Paz José Ramos Horta. Mais tarde, integrou a equipa de Xanana Gusmão, em Jacarta, aquando do referendo pela autodeterminação de Timor-Leste. Marta queria salvar o mundo. Mas não é próprio dos 16 anos querer salvar o mundo? Marta é Bobichon Loja Neves. Mãe francesa, pai português. Nasceu em 1982, tem dois filhos, é diplomata (cargo vedado às mulheres antes da revolução).

marta.jpeg

Fotografia de Estelle Valente. 

Sérgio Machado Letria - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

Álvaro, rgio, Úrsula, Luísa, José, não são nomes quaisquer. O que há num nome?, pergunta-se numa peça de Shakespeare. Todos os Nomes, título de romance de Saramago. O nome não dá o dia de nascimento, mas evoca uma filiação, de sangue e afectiva. Por exemplo: Álvaro é Cunhal e é filho. Úrsula é mãe e avó. Luísa é nome de clandestinidade. Sérgio será Sergei, em português e em russo? Sérgio Machado Letria é filho de madrugadas ardentes, quando o país prometia ser o país dos amanhãs que cantam. Nasceu em 75, é director da Fundação José Saramago desde 2009.

sérgio letria.jpeg

Fotografia de Estelle Valente. 

Zoy Anastassakis - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

Se eu fizesse Os Filhos da Madrugada no Brasil, o meu 25 de Abril seria 15 de Março de 1985. Ou seja, o fim da ditadura militar, iniciada em 1964. A minha convidada de hoje nasceu no Rio de Janeiro em 1974. O seu tempo, em Portugal, seria o da democracia. Mas não no Brasil. É professora universitária, com formação em design e antropologia. A história da sua família não se pode fazer sem as palavras exílio e emigração. Zoy Anastassakis, como o nome indicia, tem origem grega, vive em Portugal há três anos.

zoy.jpeg

Fotografia de Estelle Valente.

Joana Bértholo - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

Na genealogia de Joana Bértholo está: a família da mãe, do Algarve piscatório e humilde, a família do pai, cujas condições de vida evocam o livro Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, um tio que morreu no Ultramar, o primo excêntrico do pai, o conhecido pintor René Bértholo. Na sua genealogia está também o escritor italiano Calvino, o cineasta Béla Tarr, o filósofo Wittgenstein, fábulas, haikus, teatro. Nasceu em 1982, achou que ia ser pintora, é escritora, ecologista, fez um doutoramento em Estudos Culturais na Alemanha.

joana.jpeg

Fotografia de Estelle Valente.

Sérgio Antunes - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

O seu nome é Sérgio porque Sérgio era o pseudónimo do pai durante a clandestinidade. E foi assim que a mãe, Isabel do Carmo, continuou a chamar o pai, Carlos Antunes, pelos anos fora, depois da revolução. Sérgio nasceu em liberdade, tinha poucos meses quando os pais foram presos, viveu com a mãe em Custóias. A cronologia dos seus primeiros anos cruza com a História da luta política do país, com a definição de um Portugal onde tudo estava a ser construído. O uso deste verbo é propositado, porque Sérgio Antunes é arquitecto. E casa, como política, faz parte do seu léxico fundamental. Nasceu em 1977. 

sérgio antunes.jpeg

Fotografia de Estelle Valente.  

Célia Costa e Pedro Vieira - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

A Célia e o Pedro casaram no dia 25 de Abril de 2014. Quarenta anos depois da revolução. Célia Costa é produtora, precariedade é uma palavra que conhece bem, nasceu em 1978. Pedro Vieira é ilustrador, escritor, os seus empregos ganha-pão são na área da comunicação, nasceu no Verão Quente de 1975. Têm um filho, o Gabriel.

célia e p.jpeg

Fotografia de Estelle Valente. 

Gustavo Carona - Os Filhos da Madrugada

31.03.22

Na nossa História, houve um “dia levantado e principal”, como lhe chamou José Saramago no final do romance Levantado do Chão. Os filhos dessa madrugada que rompeu com as sombras e o silêncio, aqueles que acordaram em dias de outra inteireza, são os meus convidados de hoje em diante. Vamos até ao 25 de Abril, e começamos hoje, porque hoje o tempo passa a ter outra substância. Hoje é o primeiro dia em que se contam mais dias de democracia do que os dias de ditadura. Portanto, 48 anos e um dia, neste 24 de Março. Bem-vindos à segunda série d’ Os Filhos da Madrugada.

O primeiro destes segundos Filhos, Gustavo Carona, nasceu em 1980, no Canadá, vive no Porto, é médico intensivista e anestesista.

Fotografia de Estelle Valente.

gustavo.jpeg