Anabela Mota Ribeiro

Marta Mateus é cineasta, nasceu em 1984. Safir Eizner, o seu filho, nasceu em 2004, exactos 50 anos depois da morte de Catarina Eufémia. Dois filhos da madrugada que têm, forçosamente, uma compreensão diferente do país que erguemos em democracia. Disse forçosamente e hesito no advérbio. E se as leituras deste país que vamos sendo não forem tão diferentes assim, apesar dos 20 anos que há entre os dois?

Marta nasceu no Alentejo, não esquece frases como “dividir uma sardinha por dez”, veio sozinha para Lisboa, estudar, aos 15 anos. Safir frequenta o 12º ano no Liceu Camões, vê Buñuel e outros clássicos do cinema desde sempre, o último encontro promovido pela associação de estudantes, que integra, foi com os resistentes anti-fascismo Domingos Abrantes e Conceição Matos.

(Marta esqueceu-se de dizer, mas a blusa foi feita pela avó, que foi costureira. Safir é Aaron, homenagem a um bisavó judeu que sobreviveu à Segunda Guerra; disso, fala-se.)

 

 

Marta e Safir n' Os Filhos da Madrugada, sábado, 16 Abril.

Fotografias da Estelle Valente.

 

 

Kalaf é um angolano de Benguela, do reino dos Ovimbundos. É poeta-cantor da escola dos spoken word, presença singular do colectivo Buraka Som Sistema, escritor de títulos provocadores como O Angolano que Comprou Lisboa (por metade do preço) e Também os Brancos sabem Dançar. Kalaf dança, anda, diz, escreve, reflecte o tempo da viagem, da mistura, da incubação de ideias, faz concatenação de impossíveis. Numa linha: é um agitador cultural. Nasceu em 1978, vive em Berlim.

 

 

 

Fotografia

de Estelle Valente.