Marta Hugon
Marta Hugon é cantora. Formou-se em Línguas e Literaturas Modernas, dá aulas no Hot Club, em Lisboa.
O seu primeiro disco, "Tender Trap", foi lançado em 2005. O segundo, "Story Teller", tem alguns meses. Além de standards americanos, como "Good Morning Heartache", contém versões para "Still Crazy After All These Years", de Paul Simon, ou "Suburbano Coração", de Chico Buarque.
Porque é que é cantora?
Porque sou apaixonada pela música. A paixão foi crescendo, insinuando-se, até tomar conta da minha vida. Comecei a cantar tarde, aos 22 anos, num concerto com amigos do jazz. Foi horrível! Tive muita vergonha mas adorei os ensaios, o fazer música com outros. Aos 29 anos entrei para a escola do Hot Clube, onde conheci os músicos com quem toco hoje. Tenho aulas de técnica vocal com a professora Cristina Castro.
Que música ouvia em casa?
Em casa ouvia-se Chico Buarque, Jobim, João Gilberto, Sérgio Godinho, Beatles, a orquestra do Glenn Miller, Sinatra, Mozart, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Joan Sutherland, Tubarões… Uma grande misturada que privilegiava a música brasileira. Habituei-me a cantar com isto e juntei-lhe a pop anglo-saxónica dos anos 80: Sade, Police, Kate Bush, David Bowie.
Que importância teve estudar canto na Holanda? Além de técnica, o que é que se aprende?
Somos obrigados a pôr-nos em causa, a descobrir vozes muito diferentes, maiores e menores que a nossa, melhores e piores. O nível nas escolas europeias é alto. A experiência na Holanda reforçou uma ideia: a da necessidade do trabalho e do investimento constantes. Se combinar isso com o prazer que me dá cantar, vou formando uma identidade musical sólida e verdadeira. Que é independente do sucesso. Esse é o meu Norte.
Que diferença faz para si cantar num estúdio e em palco?
Em estúdio somos confrontados muito friamente com as nossas limitações. Mesmo podendo regravar, cada take mostra o que somos. O Sinatra às vezes gravava com público no estúdio. O palco é aquilo que somos em frente aos outros, o que somos capazes de dar, estejamos bem ou mal dispostos. Em palco isso desaparece para ser canalizado e combinado com a adrenalina da exposição, para fazermos com que o concerto tenha alma. O controlo de palco é o que mais tempo leva a dominar. "Practice makes perfect!" Mas quando é bom, não há nada que se lhe compare.
Publicado originalmente na revista Máxima