Curso de Cultura Geral - 1 Abril 2018
Duas passagens da obra de Homero. O momento, na Ilíada, em que um pai, o velho Príamo, pede a Aquiles, que havia morto o seu filho, Heitor, que lhe restitua o corpo deste. Outro momento, na Odisseia, em que são protagonistas Ulisses e um aedo. Um aedo é um recitador de poesia, é aquele por intermédio de quem o canto heróico é celebrado. António Costa Silva sentiu na leitura destes cantos uma espécie de abalo sísmico; mas, sobretudo, estas passagens e estas obras estão associadas a uma leitura feita em conjunto com a filha, que estuda textos clássicos. Costa Silva é gestor.
Rui Pena Pires é sociólogo, fascinado pela ficção científica dos livros de Asimov, a trilogia Fundação, ou a série Cosmos de Carl Sagan; mas podemos dizer que o mundo todo, sem preconceitos, lhe interessa: seja um livro sobre culinária portuguesa seja a Sétima Sinfonia de Beethoven. Curiosamente, não traz para a conversa nenhum sociólogo.
Pedro Vieira é ilustrador e escritor. É um jovem com uma voz acutilante no modo como dialoga com a actualidade. Basta seguir os seus posts no Facebook para o perceber. Tanto se interessa pelo Astérix entre os Helvécios como pelas fotografias de Robert Capa em Espanha, um livro de Saramago ou uma basílica em Roma.
A lista de António Costa Silva, gestor
- Nascimento no Planalto Central angolano. Ter um pai leitor, atento ao filho; o estímulo dos primeiros livros;
- A Ilíada e o abalo sísmico com o Canto XXIV (o encontro de Príamo e Aquiles depois da morte de Heitor); a Odisseia e o deslumbramento do Canto VIII (Ulisses, disfarçado, ouve o aedo Demódoco no Tribunal dos Feaces);
- A Cartuxa de Parma de Stendhal (cada um de nós é uma espécie de Fabricio Del Dongo que todos os dias cruza “a batalha de Waterloo” que é a vida, sem compreender o que se passa);
- O Círculo de Cinema da Universidade de Luanda no início dos anos 70. Renoir, Fritz Lang, Orson Welles, o Neo-Realismo Italiano, a Nouvelle Vague Francesa, o cinema Russo;
- A Prisão de São Paulo em Luanda onde estive detido de 1977 a 1980 por motivos políticos depois de ter apoiado a luta pela independência de Angola. Resistir através do pensamento. Ler na prisão A Recordação da Casa dos Mortos de Dostoievski;
- Anna Karenina de Tolstoi;
- O Idiota e Os Demónios de Dostoievski (os escritores e os poetas vêem o futuro do mundo antes de todos os outros);
- As grandes viagens à Ásia Central: a Samarcanda e a Bukhara no Uzbequistão, duas das cidades mais antigas do mundo; à Índia, Japão: o encontro com a beleza muda-nos;
- A viagem ao Irão; ver nas ruínas a vitalidade da civilização persa que tem mais de 5000 anos de História; reler os grandes poetas persas Omar Khayyam, Rumi e Hafez, e o conto de Attar A Conferência dos Pássaros (séc. XII);
- A viagem à Síria. Palmira (a cultura é fraca garantia contra a barbárie). A Mesquita de Damasco, símbolo da interação entre as grandes religiões monoteístas.
A lista de Pedro Vieira, ilustrador e escritor
- Filme O Ódio de Mathieu Kassovitz (1995);
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo de Saramago (1991);
- Surfer Rosa dos Pixies (1988);
- Viagem a Istambul;
- Basílica de Nossa Senhora do Trastevere, Roma;
- Cartaz de João Abel Manta;
- Cozido à portuguesa;
- Fotografias do Robert Capa em Espanha;
- Livraria Waterstones em Euston Road, Londres;
- Astérix entre os Helvécios de Uderzo e Goscinny.
A lista de Rui Pena Pires, sociólogo
- O Imenso Adeus, de Raymond Chandler, tradução de Mário-Henrique Leiria (1953);
- Fundação, trilogia, de Isaac Asimov (1951-52-53);
- A Peste, de Albert Camus (1947);
- Identidade e Violência, de Amartya Sen (2007);
- Beethoven, Sétima Sinfonia (1812);
- Bach, Cravo Bem Temperado (1722);
- Estranho Amor, de Stanley Kubrick (1964);
- A Marca Amarela, de Edgar P. Jacobs (1956);
- Cosmos, documentário, 13 episódios, de Carl Sagan (1978-1979);
- Culinária Portuguesa, de Olleboma (1936, 1994).