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Anabela Mota Ribeiro

Curso de Cultura Geral - 11 Fev 2018

12.02.18

Há títulos ou expressões de Flaubert a partir das quais podemos apresentar este programa. Por exemplo: A Educação Sentimental ou, o mais famoso, “Bovary c’est moi”. As referências, obras de arte, percursos, encontros, experiências de cultura que são trazidas para o programa são um breve resumo, uma constelação do universo do entrevistado. São um modo de dizer: isto c’est moi. Não só isto, evidentemente. Mas um isto que corresponde a um agora. Amanhã as referências podem ser outras, há 20 anos eram outras.

É Sérgio Mah que convoca dois livros de Flaubert. É professor universitário e curador. A fotografia é a sua área de investigação. 

Da educação sentimental de Cláudia Varejão, cineasta, fazem parte descrições minuciosas de movimentos, acções, da avó, do pai, a estranheza de ver Vale Abraão de Manoel de Oliveira com 13 anos. Não percebeu nada, sentiu tudo.

Bárbara Reis não foi jornalista por causa de Kapuscinski, mas quando pensa em si como jornalista, quando pensa nas viagens, na observação, na compreensão da realidade, o repórter polaco está lá. Como estão Mandela ou Cícero.

 

A lista de Bárbara Reis, jornalista

  1. The Portable Atheist, Christopher Hitchens, 2007;
  2. Capela do Convento das Capuchinhas Sacramentárias do Puríssimo Coração de Maria, Cidade do México, de Luis Barragán (1960);
  3. Andanças com Heródoto, Ryszard Kapuscinski, Campos das Letras, 2004;
  4. Nina Simone. Tudo. Mas a canção Mississipi Goddam, de 1963, é um bom ponto de partida;
  5. Carta das Nações Unidas, 1945;
  6. How to Run a Country - An Ancient Guide to Modern Leaders, Marcus Tulius Cícero, com selecção, tradução e organização de Philip Freeman, Princeton University Press, 2013;
  7. A Transformação da Política, Daniel Innerarity, Teorema, 2002;
  8. The Usefulness of Useless Knowledge, Abraham Flexner, 1939 (reedição da Princeton University Press, 2017);
  9. Americanah, Chimamanda Ngosi Adichie, Dom Quixote, 2013;
  10. Fred Sandback (1943-2003) + naturezas-mortas (qualquer século, país ou escola).

 

A lista de Cláudia Varejão, realizadora

  1. O Porto da minha infância. Pertencer;
  2. A avó: os vestidos, o soalho encerado, os cortinados, as bolsas para os guardanapos, o lustre, as mãos.​ O seu tempo sem tempo;
  3. O pai: que me ensinou a desenhar, a ler banda desenhada, a subir ao estirador, a ver Hitchcock; e a mãe: de quem herdei o gosto pelas pessoas,​ pela fotografia e pela memória;
  4. Ver o Vale Abraão na Casa das Artes ​no Porto quando tinha 13 anos. Nada perceber. Tudo sentir. Inquietar-me de novo quando descobri os filmes do Bergman, do Ozu e do Kiarostami;
  5. A Agustina, a Llansol, a Kristeva, a Clarice​, o Sacks, o Bobin, o Bachelard, a poesia da Bénédicte Houart​ e do Manuel António Pina;
  6. As viagens. Sobretudo a Rússia (Hermitage)​, a Índia (Kerala)​ e o Japão (as Amas)​;
  7. A pintura do António Carneiro e do Michael Biberstein, a Lourdes Castro e a Ana Vieira. O movimento do Kazuo Ohno e da Pina Bausch. Os retratos do Thomas Struth e do August Sander. A música do Fauré e do Mompou;
  8. A natureza;
  9. Aprender através do olhar;
  10. Tudo o que não cabe​ nesta lista, que é muito superior ao que nela contém, e que estrutura a pessoa que eu ​sou e que vou moldando.

 

A lista de Sérgio Mah, professor universitário e curador

  1. Gustave Flaubert, Madame Bovary (1856), Bouvard et Pécuchet(1881);
  2. Serguei Eisenstein,O Couraçado de Potemkin(1925);
  3. Samuel Beckett,Molloy (1951);
  4. Adolfo Bioy Casares,A Invenção de Morel (1940);
  5. Velvet Underground, White Light White Heat (1968);
  6. Tom Waits, Swordfishtrombones (1983);
  7. Chris Marker, La Jetée (1962);
  8. Walker Evans, American Photographs (1938) e Let Us Now Praise Famous Men (1941);
  9. David Foster Wallace, Roger Federer as Religious Experience;
  10. Exposições: Fra Angelico no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, em 2005; Caspar David Friedrich no Museum Folkwang, Essen, 2006; e Marcel Broodthaers, Musée d'Art Moderne – Département des Aigles, exposição no Musée de la Monnaie, Paris, 2015.