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Anabela Mota Ribeiro

Curso de Cultura Geral (2 Abril 2017)

02.04.17

O nome dela é Faranaz Keshavjee, é especialista em estudos islâmicos, e entre as coisas que marcaram a sua formação cultural estão um filme Bollywood de 1974, o poeta e teólogo do século XIII Rumi, chegar de Moçambique e ser em Lisboa uma retornada e refugiada, no pós-revolução. 

Outra convidada do programa de hoje: Irene Flunser Pimentel, historiadora, prémio Pessoa em 2007. Trabalha dois temas terríveis: o Holocausto e a repressão por razões políticas. Teve um percurso muito politizado, viveu o Maio de 68 e Abril de 74, a cultura nunca foi para ela um assunto à parte. 

João Luís Barreto Guimarães é cirurgião e poeta. Cultivou desde sempre a máxima de Abel Salazar que está nas Biomédicas, onde se formou. Diz assim: "um médico que só sabe de medicina nem de medicina sabe". E o João Luís sabe de muita coisa e sabe coisas que pouca gente sabe; por exemplo, os versos de um poeta polaco ou húngaro. 

 

A lista de Faranaz  Keshavjee:

  1. Filmes: "Manoranjan" (Bollywood clássico), 1974;
  1. Vivência em Moçambique e proximidade com a cultura e tradições dos moçambicanos negros;
  1. Bairro alto em 1974: a retornada/ refugiada, os cheiros, o fado, varinas, prostitutas;
  1. Guinan's (cultura da oralidade): transmissão de valores, religiosidade, sabedoria através dos cânticos religiosos (obra de referência: scents of sandalwood);
  1. Formação em Antropologia Social; o Outro: como o vemos e como nos vê;
  1. Rumi (poeta e teólogo sufi, persa do séc. XIII), Masnavi; Farid ud-din Attar, A Conferência dos Pássaros (séc. XII); Marjane Satrapi: Persepolis e Embroideries;
  1. Graduação em Estudos Islâmicos e Humanidades. "Afinal, Islão é isto.";
  1. Viagem ao Egipto e Mesquita de Al-Azhar. A aprendizagem da língua árabe e reencontro com ismailismo e portugalidade;
  1. Viagem ao Tajiquistão: Pamiri Chid, arquitectura e fé;
  1. Peças de teatro: "Bad Jews", "Villa Touma", "My night with Reg" (UK).

 

A lista de Irene Flunser Pimentel:

  1. Stendhal, Flaubert e Balzac (em especial, “Pai Goriot”);
  1. Teatro de Artaud, Genet e Brecht;
  1. A questão do racismo marcou-me sempre, tal como a miséria em que muitos viviam em Portugal. Daí para o anticolonialismo e o antifascismo foi um passo;
  1. Cinema do neo-realismo italiano, da Nouvelle Vague francesa e britânica; e Luís Buñuel;
  1. Folk-song americana (Bob Dylan e outros); Boris Vian; Dostoievski (O Jogador);
  1. O Maio de 68; o 25 de Abril;
  1. Gide e o seu “acto gratuito”; Steinbeck, dos Passos, Tennessee Williams; Ibsen e Strindberg;
  1. Estudar História já depois dos 30 anos;
  1. Hannah Arendt e Camus, que substituí à influência de Sartre e Beauvoir;
  1. O interesse por dois temas terríveis – o Holocausto e a questão da repressão, tortura e detenção por razões políticas.

 

 A lista de João Luís Barreto Guimarães:

  1. Um poeta - Philip Larkin;
  1. Um poema - "Musée des Beaux Arts", W. H. Auden;
  1. Uma cirurgia - redução mamaria terapêutica;
  1. Um momento/experiência - jantar familiar com Adam Zagajewski, em Cracóvia;
  1. Um músico - Lloyd Cole (meu amigo);
  1. Um pintor - Edward Hopper;
  1. Uma cidade - Amsterdam;
  1. Um café - Guarany (no Porto);
  1. Um filme - A Missão, de Roland Joffé;
  1. Uma comida - Caldo verde com bolinhos de bacalhau e arroz com feijão vermelho malandro.