Curso de Cultura Geral - 4 Mar 2018
Há um aforismo famoso de Picasso que diz: eu não procuro, eu encontro. Quando falamos de cultura, é interessante pensar nos encontros que vamos tendo, nos que se revelam determinantes, nos que desencadeiam novas procuras e novos encontros. Mas isto implica uma disponibilidade para o que se encontra, implica não estar cego numa específica procura, uma abertura ao novo, ao estranho, ao diferente, até àquilo de que não gostamos. Com os convidados desta emissão vou falar de procuras e encontros, de um mapa que vai sendo trilhado.
Vou falar com João Pinto Coelho, que se formou em arquitectura, é professor numa escola secundária em Trás os Montes, e é escritor; o seu primeiro livro Perguntem a Sarah Gross foi considerado um dos melhores livros do ano em 2016; com Os Loucos da Rua Mazur ganhou o último prémio Leya.
Helena Vasconcelos é crítica literária, coordena a comunidade de leitores da Culturgest, a sua estreia na ficção aconteceu com um livro de tributo a Jane Austen, Não Há Tantos Homens Ricos como Mulheres Bonitas Que os Mereçam.
Luís Barreiros é diplomata, viveu em Nova Iorque, Boston, Maputo, Bagdad, Zagreb, Havana. Com a mãe aprendeu a gostar de ler, nas colónias de férias em França e na escola em Inglaterra aprendeu as línguas dos outros, e os conhecimentos que estas transmitem.
A lista de Helena Vasconcelos, crítica literária
- A Ilíada e a Odisseia sempre;
- Autores: Shakespeare, Camões, Cervantes;
- Autoras: Jane Austen, Virginia Woolf, Toni Morrison;
- A Viagem - O Mar;
- Museus: percorrê-los e almoçar ou tomar chá nas cafetarias;
- Música: Hildegard von Bingen, Canticles of Ecstasy, John Coltrane, Love Supreme;
- Países: Índia e Moçambique; cidade: Nova Iorque;
- Direitos Humanos e dos Animais: sem a sua defesa, sem condições de vida, não existe cultura;
- Emoções fortes: ver os Caravaggio na Igreja de S. Luís dos Franceses em Roma, os Tiepolo (frescos em Würzburg e em Veneza);
- Estar no Festival de Teatro Clássico - Oresteia - em Siracusa, 2008.
A lista de João Pinto Coelho, escritor e professor
- A Casa Koshino - Tadao Ando;
- Rigoletto (Ah, veglia, o donna, questo fiore) Acto I - Giuseppe Verdi, Francesco Maria Piave (libreto);
- Traviata de Lisboa, Teatro S. Carlos, 1958 - Giuseppe Verdi, Francesco Maria Piave (libreto);
- Logicomix - Apostolos Doxiadis, Christos Papadimitriou, Alecos Papadatos, Annie Di Donna;
- Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez;
- Se Isto é Um Homem – Primo Levi;
- As árvores de Birkenau;
- O meu encontro com Querubim Lapa;
- Shoah - Claude Lanzmann;
- Nuit et Brouillard - Alain Resnais.
A lista de Luís Barreiros, embaixador
- Dos livros que me eram lidos pela minha Mãe ao leitor ávido em que me tornei;
- As biografias para jovens (David Crockett ou Madame Curie) e
Emilio Salgari. As obras completas de Júlio Diniz, integralmente
lidas nos primeiros anos do liceu e nunca mais tocadas; - A revista "Tintin”. A banda desenhada de Hergé e Hugo Pratt;
- As colónias de férias em França, a escola em Inglaterra: a
aprendizagem de outras línguas e conhecimentos de "outros"; - A música clássica da infância a que voltei mais tarde; a
descoberta da ópera. Os três Bs alemães (Bach, Beethoven e Brahms), os 2 Vs italianos (Vivaldi e Verdi), os Ms de Mozart e Monteverdi; - Elvis Presley, Beatles e Rolling Stones, Simon & Garfunkel (o fabuloso "Bookends"). Leonard Cohen, Chico Buarque, José Mário Branco e Sérgio O Free jazz, os trios de piano (jazz). A Christina Pluhar e L'Arpeggiata;
- A incapacidade de desenhar duas linhas paralelas e a exposição
"100 anos de pintura francesa": o deslumbramento com a pintura; - Os anos 60, a contra-cultura americana, Jack Kerouac e On the Road;
- Marguerite Yourcenar;
- Maio de ’68 e o 25 de Abril.