Curso de Cultura Geral (5 Março 2017)
Ana Vidigal leu, de uma vez só, Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres de Clarice Lispector numa viagem nocturna de ónibus, no Brasil, em 1983.
Alexandre Quintanilha cresceu em Moçambique, a mãe era alemã, leu no original textos de Goethe ou Musil, viu numa garagem, em Joanesburgo, "Death of Bessie Smith", quando tudo era ainda cru e antes do sucesso do encenador.
Carolina Villaverde Rosado fez o liceu francês, estudou ciências políticas em Roma, em Paris. Entre as coisas que aponta como fundamentais na sua construção, enquanto cidadã, está assistir ao funeral de Álvaro Cunhal.
Com este cientista e deputado, esta artista plástica e esta jovem mulher que entra agora no mercado de trabalho, trabalhando num teatro, vou, vamos dar várias voltas ao mundo, hoje.
A lista de Alexandre Quintanilha, cientista e deputado:
- À la Recherche du Temps Perdu de Marcel Proust; Der Mann ohne Eigenschaften de Robert Musil; Wilhelm Meister Lehrjahre e Wanderjahre de Goethe;
- La Princesse de Clèves de Madame de LaFayette; The Tempest de Shakespeare;
- Esteiros de Soeiro Pereira Gomes; The Grapes of Wrath de J. Steinbeck;
- Poemas de Reinaldo Ferreira [poeta português, viveu em Moçambique];
- Les Mains Salles e outras peças de teatro de Jean Paul Sartre;
- Cézanne, Beckmann, Soutine, Hockney, Vermeer, Goya, Turner, Menez;
- Ouvir a Callas e ver a Margot Fonteyn e o Rudolf Nureyev ao vivo (sempre no Covent Garden);
- Assistir à peça Death of Bessie Smith (de Albee) numa garagem em Joanesburgo dirigida por Barney Simon (muito antes de ele ser famoso);
- Assistir a todo o Der Ring des Nibelungen (Wagner) em Bayreuth;
- Vários actores em alguns filmes: Paul Newman, Jeanne Moreau, Sofia Loren.
A lista de Ana Vidigal, artista plástica:
- Ver com o meu pai, em 1974, na Fundação Gulbenkian, a obra gráfica de Miró;
- Ver obras de Gina Pane (circa 1976/77);
- Fazer parte dos “Talentos Emergentes” (com Alda Nobre, Madalena Coelho, Pedro Casqueiro, Jaime Lebre, Inês Simões, Domingos Isabelinho), em 1981;
- Ler, de uma vez só, Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres de Clarice Lispector numa viagem nocturna de ônibus, no Brasil, em 1983;
- A poesia de, por exemplo, Emily Dickinson;
- Nunca ter visto, pela segunda vez, Identificazione di una Donna de Antonioni;
- Conhecer a Madalena Barbosa;
- Aceitar a solidão do meu trabalho;
- Ouvir "Kalu" (anos 50), por Dalva de Oliveira;
- Ainda não conhecer Tóquio.
A lista de Carolina Villaverde Rosado, assessora do Teatro Nacional Dona Maria:
- Pina Bausch ("Nelken" e "Auf dem Gebirge hat man ein Geschrei gehört");
- Funeral do Álvaro Cunhal (2005);
- Todas as músicas que vêm acompanhadas de imagens, memórias e cheiros;
- Patti Smith: concerto no Coliseu dos Recreios, o mini-concerto no Théâtre de la Bastille, e o abraço;
- Encontro com a Cornucópia enquanto espectadora e cornucopiana;
- Como um Romance, Daniel Pennac;
- Elis Regina e a sua “risada";
- A cinemateca de Bruxelas;
- O filme The Big Chill (Os Amigos de Alex, de Lawrence Kasdan);
- A Menina do Mar, de Sophia de Mello Breyner.