Flávio Almada - Os Filhos da Madrugada
Quando foi agredido por forças policiais, em 2019, Flávio Almada ouviu: lugar do lixo é no chão. Foi pisado, ficou com a cara feita num bolo, inchada. Passou dois dias detido. Por fim, o procurador deixou cair os crimes de racismo e tortura. Quase 50 anos depois do 25 de Abril, o racismo estrutural da sociedade portuguesa é, ora negado, ora orgulhoso. Essa foi apenas uma das vezes em que Flávio sentiu no corpo o preconceito racial e social. Vive na Cova da Moura, conhece a estigmatização dos habitantes dos bairros, o difícil acesso ao trabalho e à habitação dos negros. Nasceu em 1984 em Cabo Verde, tem um mestrado em Estudos Internacionais, é também rapper, membro da Plataforma Gueto, um movimento social negro que desenvolve a descolonização mental, e membro do movimento Vida Justa. Foi coordenador da Associação Moinho da Juventude.