Maria do Céu Veiga e Sara Veiga - Os Filhos da Madrugada
29.04.24
Se a ditadura não tivesse terminado naquela madrugada, Sara estaria condenada a repetir um padrão de vida de mulher pobre, remediada, sem estudos, sem autonomia. Estaria condenada a ficar emparedada na relação abusiva que viveu durante anos com um homem que precisava de lhe chamar burra e inútil para se sentir importante. Talvez fosse empregada doméstica, como a mãe. Talvez andasse horas, diariamente, no autocarro, com um bloco de notas onde apontaria os nomes de pessoas e de países começados por diferentes letras, para fazer um brilharete na noite de Natal, quando se juntam a jogar stop. Foi a Sara Veiga, tradutora e obviamente escritora, mesmo sem obra publicada, que me descreveu este tempo e esta biografia. Sua e da sua mãe.
Os Filhos da Madrugada
Maria do Céu Veiga, reformada, 1955
Sara Veiga, tradutora, 1978
RTP3, 30 Abril, 20h
Fotografias de Estelle Valente