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Anabela Mota Ribeiro

Nelson Rodrigues

05.08.22

Vamos bater um papinho. Aí você me responde: Fala. Nelson Rodrigues, você conhece esse sujeito? Como não conhece? “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei-de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico”. Aquele tarado, pois então.

Uma amostrinha, não exactamente comedida.

“O senhor sabe que eu tinha adoração – adoração! – por minha mulher. E quando ela morreu, eu estava disposto a me matar. Dois dias depois do enterro, descobri o revólver que tinham escondido. Tranquei-me no quarto. E, lá, cheguei a introduzir na boca o cano do revolver. Mas isso me deu uma tal ideia de penetração obscena. (…) Na minha cabeça, as duas coisas se misturam. Não me matei, porque tive nojo, asco do sexo”.

Esclarecido? Primeira coisa que talvez deva saber sobre Nelson Rodrigues: na sua cabeça, na sua cabeça enorme como a de um anão de Velásquez – auto-retrato –, as duas coisas se misturam. Sexo, morte – há muito para além disto?

Outra penetração obscena. «E então, fez o seguinte: introduziu na boca o cano do revólver (teve a sensação de que praticava algo de obsceno) e puxou o gatilho. Sua chapa dentária descolou».

Sacou?

Nelson Rodrigues era uma flor de obsessão – catalogação do próprio. Como anjo pornográfico. O cardápio de algumas das suas obsessões.

A infidelidade: “Essa tia Moema era demais. Todas as manhãs, mal saía o esposo, o marido legítimo, entrava o amante. Este ficava, num café de esquina, esperando que o corno passasse. E o escândalo era maior pelo horário: nove, dez da manhã. Aquela pouca vergonha matinal assombrava a vizinhança”.

Quem são as adúlteras? “Você, meu caro, desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e neurastênica. Sabe qual foi a esposa mais amável que eu já vi na minha vida? Sabe? Foi uma que traía o marido com metade do Rio de Janeiro, inclusive comigo”.

O corno. “Fulano, me dá um nome para corno!/ Alguém lhe soprava: Gusmão. Nelson achava graça e aceitava./ Você tem razão, Gusmão é batata”.

Um tipo de corno: “Gosto demais de minha mulher. E gosto tanto que não te mato para que ela não sofra.” “Não aceito devolução! Ou tu ficas com minha mulher, ou eu te dou um tiro na boca. Escolhe!”

Ódios bíblicos, Abel e Caim na porta do lado. “Serginho, se você odeia seu pai, eu odeio meu irmão. Odiamos o mesmo homem. (Mais baixo ainda, com um riso curto e pesado) Precisamos não esquecer as tias, hem, Serginho?”

A grande obsessão: a família.

“Sabino lembra-se de uma noite, há bastante tempo. Glorinha teria uns quinze anos. Ele estava no quarto, de suspensórios. Usava o suspensório, porque o cinto podia magoar a úlcera. Entra Eudóxia (só a mulher o via sem paletó). Vinha feliz:

- Imagina que eu estava olhando o cesto da roupa suja e vi lá uma calcinha de Glorinha, que ela mudou agora. Glorinha está incomodada. Sabe que nem o incómodo de Glorinha cheira mal? Não tem cheiro e o sangue é cor de rosa.

- Parece maluca! Eudóxia, é preciso um mínimo de pudor. Sabe o que é pudor?”

Nesse ponto do campeonato, você está achando que não conhece pessoas assim? Olha só a definição de Nelson para a sagrada instituição, escrita nas suas memórias: «Toda a família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais decente, mais digna do mundo. Lá um dia aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica, um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo».

Escreveu de tudo. Folhetim (alguns com o pseudónimo feminino Suzana Flag, como Meu Destino é Pecar), romance, novela, “esporte” (“Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão:

- Como vai, colega?”),

short stories (A Vida como Ela É… durou dez anos, todos os dias, no jornal Última Hora), crónicas, consultório sentimental (assinava como Myrna). E teatro.

Idolatrava Eugene O’Neill, tinha lido Ibsen, Pirandello, Shakespeare. Alardeava ignorância. O magnata da comunicação social Roberto Marinho, protector de Nelson, disse-lhe depois de ler a sua primeira peça: “Você precisa parar com essa mania de ser um génio incompreendido”. Quando escreveu a sua primeira peça, Vestido de Noiva, datada de 1943, Nelson sabia que era um génio. Que nada do que se fizera antes se parecia com aquilo.

Poucos dias depois da sua morte, há 30 anos, o jornalista e escritor Paulo Francis sintetizava para a Folha de S. Paulo a substância do autor: “Bem, tudo o que escreveu tem um tema constante: o ser humano é prisioneiro de paixões avassaladoras, consideradas vergonhosas pela sociedade e, pior, pelo próprio ser humano. São quase sempre punidos. Daí o famoso e autoproclamado moralismo de Nelson. São paixões primitivas, o que irrita os intelectuais, em particular os de esquerda. (…) Em Álbum de Família, todas as personagens são desavergonhadamente incestuosas. A peça termina com a mãe matando o marido e indo unir-se ao filho nu. O próprio marido e pai pede à mulher que o mate porque não pode viver sem a filha já morta”.  

Falemos dos personagens desavergonhados (alguns desavergonhadamente incestuosos). Há homens castos que, depois de fazer amor doze vezes com uma prostituta, a enchem de “nojentinha, vagabunda, mictório público”. Há incontáveis que dão em cima da cunhada. Há meninas lindas e amorais. Mulheres que não resistem aos canalhas. Sogros que usam ceroulas de amarrar nas canelas. (Vê se pode?) Há personagens que mastigam a dentadura e dizem coisas brutais:

- Como é possível que certos sentimentos e atos não exalem mau cheiro?

 Há senhoras honestíssimas que nunca pensaram, jamais, nem por sombra, em prevaricar. Que dão tapa, cravam as unhas, fingem que gritam, assumem uma “voluptuosa resistência”. Cedem. A seguir dizem: “Foi a última vez”. Outras não disfarçam: “Gosto tanto que vim aqui me humilhar”. Há Engraçadinha (cujos amores e pecados foram adaptados numa série da Globo): “Apanha do gavetão a calcinha de náilon, que arrancara da menina. Rapidamente – e com uma sensação de crime – troca as duas pecinhas. Põe a da filha. Lentamente aproxima-se do espelho. Levanta a saia e pela primeira vez vê o efeito do náilon na sua carne. Diz, trincando os dentes, para a sua própria imagem:

- A mulher que usa isso é uma prostituta!”

Isto não mete palavrão, não. Precisa?

Mas mete descrições de genital feminino assim, ó: “O sexo de um rosa vivo de romã fendida”. E um monsenhor que sentencia coisas como:

- O ato sexual é uma mijada!

Perguntaram a Nelson Rodrigues (o poeta Manuel Bandeira, que o considerava um génio, também lhe perguntou): “Por que você não escreve sobre pessoas normais?

Onde estavam os personagens que tinham “flertes deliciosíssimos de ônibus” ou que gritavam irados: “Quero morrer leproso se estou mentindo!”?

Vamos até Aldeia Campista, bairro suburbano na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo o biógrafo de Rodrigues, Ruy Castro, as vizinhas eram “gordas e patuscas”. Os homens eram “magros, asmáticos, espectrais”. Constituíam uma audiência vigilante, à janela, na soleira da porta. Era também uma vizinhança de “solteironas ressentidas, de adúlteras voluptuosas, e, não se sabe por quê, muitas viúvas – machadianas, só que com gazes enroladas nas canelas, por causa das varizes”.

(Um personagem, anos mais tarde: “A Ingrid Bergman. Não me interessa. E por quê? Não é viúva. Só gosto de viúva”).

Havia uma escarradeira em cada sala. “Os banhos eram de bacia, os partos eram feitos em casa e os velórios eram a grande atração da rua – ia-se a casa do defunto não para vê-lo uma última vez, mas para se assistir ao desespero da mãe ou checar a sinceridade da viúva.” Esses personagens, estas pessoas normais, existiam mesmo. Nelson Rodrigues “espremeria até à última gota” as suas idiossincrasias nas suas peças e contos futuros.

Vou te apresentar o cara. A vida do cara podia ser uma vida de um desses folhetins. Na verdade, esses folhetins eram bem a vida do cara. “Nasci a 23 de Agosto de 1912, no Recife, Pernambuco”. Primeira frase do livro de memórias A Menina Sem Estrela, escrito aos 54 anos. Bem cedo. Uma eternidade estava para trás. Segundo capítulo: “Toda a minha primeira infância tem gosto de caju e de pitanga. Ainda hoje, quando provo uma pitanga, sou raptado por um desses movimentos proustianos, por um desses processos regressivos e fatais”. Vamos ao que interessa. Terceiro capítulo: “Claro que o sujeito, seja ele um homem de bem ou um pulha, é um assassino falhado. Não há ninguém, vivo ou morto, que não tenha concebido a sua fantasia homicida”.

Um cheiro de morte. Se houvesse urubus, talvez rondassem.

Os mortos sucederam-se na vida folhetinesca da família. Primeiro o irmão Roberto. “Seu rosto era de um moreno de cinema e lembrava Rudolfo Valentino, o modelo vigente de beleza masculina. Era também vaidoso, atento a roupas, parecia estar sempre fumando de perfil”, retrata Ruy Castro. Desenhava, traço mórbido, erótico. Foi morto por uma granfa, sofisticada, aprumada, descontente com o modo como o jornal dos Rodrigues tratava o seu “desquite”. Decidiu vingar-se, apontou a arma, atirou. “Queria matar o doutor Mário Rodrigues ou o seu filho. Estou satisfeita».

Nelson tinha pouco mais que 17 anos, presenciou tudo. O pai soçobrou de tristeza passados meses. E com ele ruiu um império de comunicação. Pareceu então absurdo o tempo em que os Rodrigues apanhavam um táxi para atravessar a rua, na orla de Copacabana. Passou-se à extrema penúria, à fome negra, à tuberculose, chamada de “a morte branca”, um nome que Nelson achava “nupcial, voluptuoso e apavorante”. “Era uma doença tão fatal que, ao saber que estavam tuberculosos, muitos já se matavam de uma vez com formicida. Os três anos de pobreza e má alimentação haviam tornado Nelson vulnerável ao bacilo”, lê-se em O Anjo Pornográfico. Fez tratamentos prolongados no Sanatorinho, nos Campos do Jordão (há uma água com esse nome). Salvou-se.  

A miséria durou anos. Tinha um único fato, puído, que cheirava mal, com o vinco impecável, que uma das suas irmãs fazia diariamente. (O fato puído e mal cheiroso é um elemento constante nos personagens tristes das suas novelas futuras).

Casou. Roberto Marinho disse a Elza: “Está sabendo que vai se casar com um rapaz muito inteligente e de grande talento, mas pobre, absolutamente preguiçoso e doente? Sua mãe está coberta de razão!” Comemoraram a ida ao juiz na leitaria Palmira, “tomando uma média com torrada”, após o que voltaram para o jornal e se sentaram à máquina de escrever.

Tratavam-se assim:

- Meu filho, me faz um favor.

- Dois, meu doce de côco.

Também assim, quando Elza irrompeu pela garçonnière com Joffre e Nelsinho pela mão e quase flagrou o marido com Nonoca:

- Você vai sair daí, já, já, e voltar para casa! Senão eu atiro os nossos filhos pela janela!”

Foram casados vinte e tantos anos. Ele aparecia em casa com manteiga fresca e o jornal no bolso do paletó. Era para ser para sempre. Porque, como escreve Myrna no seu consultório sentimental, “o amor que acaba, não era amor. O amor é eterno. Só acaba quando não era amor”. Não era suposto que Nelson escrevesse, sequer, uma frase assim: “Acho que não chegaremos às bodas de prata”.

Teve um segundo casamento com uma menina de sociedade, quando já era o fauno Nelson Rodrigues, dramaturgo nacional, iconoclasta, autor de frases que gelam um jantar: “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.” Ela era uma grã-fina linda, vinte e tantos anos mais nova, uma ninfa. Nasceu-lhes uma filha cega, Daniela – a menina sem estrela, que deu o nome ao livro de memórias.

Mas foi ainda com Elza que se passou uma das histórias mais populares de Nelson. Olha só, te boto uma frasezinha: “Elas gostam de apanhar”. As feministas e as mulheres com um pingo de auto e hetero-estima fecham o livro nessa passagem. Quem não fecha, fica sabendo que o começo da narrativa é A Esbofeteada, da série A Vida Como Ela É.

Isménia contava às amigas como “viu estrelas” quando o namorado “lhe sentou a mão, direitinho”. Silene, a mais pudica das meninas, ouvia e experimentava “uma crispação de asco e deslumbramento”. Claro que acaba caindo nos braços do namorado da amiga. Contudo, Sinval não exprimia o ciúme que o levara, no passado, a esbofetear Isménia. E Silene puxa a corda. “Nas festas dançava de rosto colado”. “Você não é homem. Se fosse homem, eu não faria de você gato e sapato”. (...) Com um meio sorriso maligno, anuncia: “Ele me beijou”. Sinval não disse uma palavra: derruba a noiva com uma tremenda bofetada. Ela cai longe, com os lábios sangrando. “Esperei tanto por essa bofetada! Agora eu sei que tu me amas e agora eu sei que posso te amar!”. Nos momentos de carinho, ela pedia transfigurada: “Me bate, anda! Me bate!”. Foram felicíssimos”.

Que é que as vizinhas, além de assoar a coriza, haveriam de pensar? Evidente. Mas Elza não apanhava nem com flor, nem com vaso. Verdade. «Ou você explica a frase ou dá um jeito nisso», exigia a mulher. Ruy Castro conta que na escola os meninos perguntavam a Joffre: «Como é, tua mãe já apanhou hoje?».

Não satisfeito, Nelson rematou a questão: “Nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais”.

Roberto Marinho tinha razão em tudo, quando falou a Elza de Nelson. Excepto quando o chamou de preguiçoso.

Ó seu Roberto, escute só. Me explica, vai. Como é que o cara sustenta a família, auxilia as irmãs, mamãe, escreve tudo quanto pode escrever e ainda por cima é preguiçoso? Me diz o que é que leva um autor como Nelson a escrever prosinhas com o nome de Myrna? Se bem que o biógrafo garanta que ele se comovia com a correspondência da mulher atarantada que recebia no jornal. Respondia assim: “Você termina dizendo que o seu bem amado é “bonzinho”. Eu, se fosse homem, consideraria este elogio ofensivo. Às vezes, um simples qualificativo chega para invalidar um romance. O nosso bem amado não pode ser “bonzinho”. É formidável, único, fabuloso, deslumbrante. Agora algumas palavras proféticas: você não se casará com o atual namorado. E por um motivo simples: você mesma se convencerá de que não o ama. Não se esqueça: com o senso comum não se fazem os grandes amores”. Não acha um conselho legal?

Frase a reter: com o senso comum não se fazem os grandes amores. Outra do mesmo calibre: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”.

Outras prosinhas que ele fazia: “Sem excitação, numa calma intensa, foi contando. Um mês depois do casamento, todas as tardes, saía de casa, apanhava o primeiro lotação que passasse. Sentava-se num banco ao lado de um cavalheiro. Podia ser velho, moço, feio ou bonito. (…) Mecânico ou desconhecido, duas esquinas depois já cutucara o rapaz: “Eu desço contigo”. (…) No fim de certo tempo, já os motoristas dos lotações a identificavam à distância; e houve um que fingiu um enguiço, para acompanhá-la”. (A Dama do Lotação, um dos mais famosos contos de A Vida Como Ela É, adaptado ao cinema por Neville de Almeida, com Sónia Braga em 1982)

Mas muito antes da consagração, houve um tempo em que era proscrito. As peças censuradas, interditadas. A brigada da moral e dos bons costumes a chamá-lo de bisonho. O seu teatro, segundo os críticos, “concentrava em três atos todos os delitos previstos no Código Penal”. Mas que é que tem de mais o ódio de uma mãe por uma filha ou a adoração de papai pela filhinha caçula? Freud não havia falado disso, uns bons anos atrás? Não era por acaso que os psicanalistas do Rio adoravam o seu universo. O psicanalista de uma geração ilustre, amigo de Vinicius de Moraes, et cetera, Hélio Pellegrino, escrevia recensões psicanalíticas das peças de Rodrigues.

Quando Beijo no Asfalto estava em cena, Nelson ia todas as noites ao teatro. A cena é descrita em Anjo Pornográfico. “Ficava no saguão, de guarda-chuva no braço, com seu filho Joffre, tomando satisfações de quem saía indignado no meio do espetáculo. Corria atrás do sujeito e o interpelava: “Mas vem cá. Me diz uma coisa. O que o ofendeu nessa peça?”.

Não esqueçamos que Rodrigues era um anjo. (Que era pornográfico, já se provou à saciedade.) Onde está o anjo? Ruy Castro interroga: “Pipocas, ninguém enxergava que a força que o movia era uma profunda “nostalgia da pureza” – pureza que só seria atingida depois que o homem chapinhasse descalço sobre as mais hediondas impurezas?” Não.

Essa nostalgia está em todas as cenas, em cada linha, na contradição permanente? Talvez esteja no desejo de morrer ao lado do ser amado. Para falar novamente de morte. Depois de tanto ter falado de sexo. (Além dos devassos, também há personagens de Rodrigues que fazem “de mês a mês o papai-e-mamãe, de luz apagada” – última risada) As duas coisas não estão ligadas na cabeça do anão de Velásquez?

“Quem nunca desejou morrer com o ser amado, não amou, nem sabe o que é amar”. Nelson voltou para Elza, catorze anos depois de se terem separado. Houve ainda energia para umas paixões crepusculares. “Nós, os velhos, precisamos de um mínimo de puerilidade encantada, sem a qual seríamos múmias inteiramente gagás” (Memórias).

Morreu num domingo de manhã, dia 21 de Dezembro de 1980. Trombose e insuficiência cardíaca, respiratória e circulatória. Estava um calor de quarenta graus. Nelson pedira a Elza em vida que escrevesse na lápide o nome dos dois, sob a inscrição: “Unidos para além da vida e da morte. É só”.

 

 

PS: “Lembranças à tia machona”. Gargalhada final. Desce o pano.

 

 

Publicado originalmente no Público em 2010