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Anabela Mota Ribeiro

O Quarto do Bebé

06.10.24

Escrito em grande parte durante o confinamento e a doença, e concluído após uma longa gestação, O Quarto do Bebé é um romance autoficcional em forma de diário íntimo. 

Depois da morte de um conhecido psicanalista, a filha, sua única herdeira e professora de literatura brasileira, encontra entre os papéis do espólio o diário de uma paciente. Tem título – Fala Orgânica – e está assinado: Ester do Rio Arco. O que começou por ser uma curiosidade transformou-se numa obsessão e objeto de leitura compulsiva. Neste manuscrito, a filha do psicanalista vai encontrar, não apenas uma forma de conviver com o pai, como também inúmeros pontos de identificação com a sua paciente.

Os temas são os do dia-a-dia do isolamento e da doença, a escrita, o corpo, a mutilação, a relação com a mãe e com as origens, a ligação profunda a uma amiga (figura tutelar e espécie de mãe de Ester) e a perda dela. Em suma, a perda, a infertilidade, maternidade e filiação, nascimento e morte. O arco narrativo começa no que poderia vir a ser um quarto de bebé, mas que nunca albergará uma criança, e acaba na transformação desse quarto num lugar físico e mental de criação, nomeadamente da escrita.

Deste relato emerge um retrato antropológico do país em que os pais estiveram na guerra e as mães escreveram aerogramas, e é exposta a violência que a sociedade patriarcal exerce sobre as mulheres.

Com ecos do universo literário da recentemente nobelizada Annie Ernaux, uma das grandes referências da autora, O Quarto do Bebé é um relato cru e corajoso que revela uma nova e envolvente faceta de Anabela Mota Ribeiro.

 

“Anabela Mota Ribeiro transforma uma experiência abissal em magnífica literatura. A escrita, em forma de rizoma, chama associações e reproduz uma corrente de consciência que é, ao mesmo tempo, uma corrente de sub-consciência. Uma estrutura estelar que permite correr entre pensamento, acção, desejo, actualidade, referências literárias, um mundo.”

Lídia Jorge

 

"O Quarto do Bebé é um grande livro sobre o invisível: o vazio nas nossas casas, peças de mobília inexistentes, pessoas que não nasceram."

Djaimilia Pereira de Almeida

 

"Um prodígio de vigor e poesia. Um livro tremendo que anda pelas profundezas da floresta humana, feminina, literária. Li O Quarto do Bebé paralisada de pasmo e maravilhamento, arrebatada por uma tempestade." 

Hélia Correia