Os 3ºs Filhos da Madrugada
Há 50 anos, vivia-se uma atmosfera nova, a folha estava limpa, o relógio começou a contar noutra cadência — metáforas para dizer o que Sophia de Mello Breyner disse no poema “Revolução”. Chama-lhe: “tempo novo sem mancha nem vício”.
N’ Os Filhos da Madrugada, escutamos a memória de um tempo que nos precede, folheamos cartas e álbuns de família, questionamos os passos de gigante que foram dados, tematizamos a herança do fascismo que persiste em nós, falamos do desencanto e do erro que sempre sucedem à euforia e à esperança, auscultamos as mudanças desencadeadas pela Revolução no percurso do entrevistado.
Neste projecto, à semelhança das séries anteriores, propõe-se uma interrogação do tempo da democracia, do país erguido em liberdade, a partir de uma maratona de 25 entrevistas. O mosaico é plural, inclui pessoas de diferentes classes sociais, geografias e afinidades ideológicas, de áreas do saber e actividades profissionais diversas, anónimos e figuras públicas, é respeitada a paridade de género. Em alguns programas, promovemos um encontro geracional e, além da habitual presença dos que nasceram depois de 1974, integramos o testemunho dos que cresceram em ditadura, questionamos as marcas que isso deixou em quem são.
Ouvimos uma mulher homossexual que recorreu à inseminação artificial para ter filhos, conhecemos o percurso de duas pessoas, as primeiras da sua família a fazer um doutoramento, que trabalham em universidades norte-americanas, falamos com uma pessoa com deficiência que gosta de dançar, com um homem que desenhou a assistente virtual de um gigante tecnológico, uma mulher negra que procura a sua genealogia e escreve sobre a pertença, uma mulher de direita cuja mãe tem ainda vivo o trauma do retorno das ex-colónias, uma mãe que temia que mostrar os braços fosse pecado e a filha que lidou com a culpa de pôr a carreira antes da maternidade...
Autoria e coordenação de Anabela Mota Ribeiro, de certo modo Filha desta Madrugada (nascida em 1971, com memória de si já em liberdade).
A partir de 7 Abril, todos os dias, às 20h, na RTP3, e sempre acessível na RTP Play.
Fotografias de Estelle Valente.
Produção de Gonçalo Soares da Silva.
Realização de Teresa Costa Martins e José Véstia.
Convidados (por ordem de emissão)
7 Abril - Diogo Varela Silva, cineasta (1971), Sebastião Varela, músico e cineasta (1997), Gaspar Varela, músico (2003)
8 - Ana Bárbara Pedrosa, escritora, 1990
9 - Maria do Rosário Carneiro, prof. universitária (1948) e Joana Carneiro, maestrina (1976)
10 - Cátia Oliveira (A Garota Não), cantora, 1983
12 - João Rodrigues, chef, 1977
13 - Cristèle Alves Meira, cineasta, 1983
15 - Tiago Fortuna, empreendedor, 1993
16 - Yara Nakahanda Monteiro, escritora, 1979
17 - Ricardo Vasconcelos, prof. universitário, 1976
18 - Ana Isabel Xavier, prof. universitária, 1980
19 - Lila Fadista, 1985, João Caçador, 1989, Fado Bicha
20 - Francisco Vidal, pintor, 1978
21 - Ana Margarida de Carvalho, escritora (1969), João Manso Pinheiro, produtor de conteúdos (1994)
22 - Inês Relvas, consultora, 1989
24 - Alex D’ Alva Teixeira, músico, 1990
25 - Diana Branco Morais, militar, 1978
26 - Diogo Teles, informático, 1986
28 - Flávio Almada, trabalhador social, rapper, 1984
29 - Patrícia Portela, escritora, 1974
30 - Maria do Céu Veiga, reformada (1955), e Sara Veiga, tradutora (1978)
1 Maio - Fernando Rosas, historiador (1946), Leonor Rosas, antropóloga (1999)
2 Maio - David Moreira, professor (1993), Rui Moreira, político (1956)
3 Maio - Susana Cerqueira, cientista, 1983
5 Maio - Graça Nascimento, professora, 1974
6 Maio - Cláudia Jardim, actriz e criadora, 1977