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Anabela Mota Ribeiro

Os 3ºs Filhos da Madrugada

05.07.24

Há 50 anos, vivia-se uma atmosfera nova, a folha estava limpa, o relógio começou a contar noutra cadência — metáforas para dizer o que Sophia de Mello Breyner disse no poema “Revolução”. Chama-lhe: “tempo novo sem mancha nem vício”.

N’ Os Filhos da Madrugada, escutamos a memória de um tempo que nos precede, folheamos cartas e álbuns de família, questionamos os passos de gigante que foram dados, tematizamos a herança do fascismo que persiste em nós, falamos do desencanto e do erro que sempre sucedem à euforia e à esperança, auscultamos as mudanças desencadeadas pela Revolução no percurso do entrevistado.

Neste projecto, à semelhança das séries anteriores, propõe-se uma interrogação do tempo da democracia, do país erguido em liberdade, a partir de uma maratona de 25 entrevistas. O mosaico é plural, inclui pessoas de diferentes classes sociais, geografias e afinidades ideológicas, de áreas do saber e actividades profissionais diversas, anónimos e figuras públicas, é respeitada a paridade de género. Em alguns programas, promovemos um encontro geracional e, além da habitual presença dos que nasceram depois de 1974, integramos o testemunho dos que cresceram em ditadura, questionamos as marcas que isso deixou em quem são.

Ouvimos uma mulher homossexual que recorreu à inseminação artificial para ter filhos, conhecemos o percurso de duas pessoas, as primeiras da sua família a fazer um doutoramento, que trabalham em universidades norte-americanas, falamos com uma pessoa com deficiência que gosta de dançar, com um homem que desenhou a assistente virtual de um gigante tecnológico, uma mulher negra que procura a sua genealogia e escreve sobre a pertença, uma mulher de direita cuja mãe tem ainda vivo o trauma do retorno das ex-colónias, uma mãe que temia que mostrar os braços fosse pecado e a filha que lidou com a culpa de pôr a carreira antes da maternidade...

Autoria e coordenação de Anabela Mota Ribeiro, de certo modo Filha desta Madrugada (nascida em 1971, com memória de si já em liberdade).   

A partir de 7 Abril, todos os dias, às 20h, na RTP3, e sempre acessível na RTP Play.

Fotografias de Estelle Valente.

Produção de Gonçalo Soares da Silva.

Realização de Teresa Costa Martins e José Véstia. 

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Convidados (por ordem de emissão)

7 Abril - Diogo Varela Silva, cineasta (1971), Sebastião Varela, músico e cineasta (1997), Gaspar Varela, músico (2003)

8 - Ana Bárbara Pedrosa, escritora, 1990

9 - Maria do Rosário Carneiro, prof. universitária (1948) e Joana Carneiro, maestrina (1976)

10 - Cátia Oliveira (A Garota Não), cantora, 1983

12 - João Rodrigues, chef, 1977

13 - Cristèle Alves Meira, cineasta, 1983 

15 - Tiago Fortuna, empreendedor, 1993

16 - Yara Nakahanda Monteiro, escritora, 1979

17 - Ricardo Vasconcelos, prof. universitário, 1976

18 - Ana Isabel Xavier, prof. universitária, 1980

19 - Lila Fadista, 1985, João Caçador, 1989, Fado Bicha 

20 - Francisco Vidal, pintor, 1978

21 - Ana Margarida de Carvalho, escritora (1969), João Manso Pinheiro, produtor de conteúdos (1994)

22 - Inês Relvas, consultora, 1989 

24 - Alex D’ Alva Teixeira, músico, 1990

25 - Diana Branco Morais, militar, 1978 

26 - Diogo Teles, informático, 1986

28 - Flávio Almada, trabalhador social, rapper, 1984 

29 - Patrícia Portela, escritora, 1974 

30 - Maria do Céu Veiga, reformada (1955), e Sara Veiga, tradutora (1978)

1 Maio - Fernando Rosas, historiador (1946), Leonor Rosas, antropóloga (1999)

2 Maio - David Moreira, professor (1993), Rui Moreira, político (1956)

3 Maio - Susana Cerqueira, cientista, 1983

5 Maio - Graça Nascimento, professora, 1974

6 Maio - Cláudia Jardim, actriz e criadora, 1977