Anabela Mota Ribeiro

Uma revolução traz palavras novas. O vocabulário que usamos reflecte também um tempo, as questões sobre as quais pensamos, que dominam a nossa vida. Por exemplo: a palavra empreendedor não tinha cabimento, ou tinha seguramente outro significado, no ano em que Ricardo Marvão nasceu, 1978. Ou a palavra empresário. A expressão startup não existia, nem sequer empresa emergente. A economia não era digital. A incorporação de palavras em inglês, como talk ou know how ou co-work não se fazia. Não se associavam palavras como ecossistema e empresas. A preocupação com o ambiente parecia tão longínqua quanto Marte. E Marte, o espaço, a galáxia eram, de facto, uma outra galáxia. O que é novo: o vocabulário, as possibilidades, as empresas, o modo de trabalhar, o lugar a partir do qual se trabalha, o vínculo laboral, a facilidade de viver entre Lisboa e Bruxelas. Parece que o futuro já chegou.

 

 

Fotografias de Estelle Valente.